sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Joâo Cabral e o vento.


Vou passeando pelas ruas e ao passar por alguns becos estreitos posso sentir o cheiro de lareira ascesa.

Meu sentido jà consegue distingüir o cheiro de carvâo doméstico de àqueles de rua, como os de fogueira de Sâo Joâo.

Assim como os ouvidos captam, às vezes jà arredios, ao som do trêm que, Joâo Cabral de Melo Neto diria, como disse sobre as ondas do mar. E eu digo: o barulho do trêm é um chamamento constante.

Ainda em casa passo uma pintura no rosto. Antes de sair dou a ùltima olhada no espelho e vejo aquela menina bochechuda, de bico nos làbios, pintada. Parece uma boneca.

Penso se devo retirar a maquiagem. Mas acrescento algumas gotas de Chanel, e saio.

Alguns rapazes fixam o olhar no vestido branco, parisiense mas, que bem poderia ser "das Olindas". Meus olhos, castos, voltam-se para o châo.

Indubitavelvente desconheço a mentalidade do homem europeu. Guio-me pelas razôes de meu pai, que disse: "Você tem que aprender a falar fluentemente para, ao menos, se defender se preciso!"

Talvez por isso a hora seja de repouso. Repousar minh' alma sobre meu pròprio corpo. E sò.

Sozinha, com minha NIKON, temo sotaques àrabes. Os ouvidos atentos às vozes, os olhares ao châo, nâo aos olhos.

Busco flores para fotografia.
Hoje o céu fechou-se em nuvens escuras. Podia até dizer que iria chover. Entretanto, apenas um vento muito frio sopra levando o pò de arroz que tenho no rosto.

Junto, o vento varre meus pensamentos que vâo-se se arrastanto pelos fios de meus cabelos ùmidos, e arrasta folhas imaginàrias, folhas das àrvores das praças, folhas dos cadernos que rabisquei sorrisos, folhas de memòria de minha vida e meu tròpico.

O vento leva as flores da minha infância. O vento leva o beijo que deixei suspenso no ar, e que muitos amigos ainda o pegaram. Como quem caça borboletas quando ainda criança.

O vento que paira o pàssaro imòvel no ar, o vento que toca as cordas dos coqueiros soltando a mùsica no ar. este mesmo vento que agita as ondas no mar. Este mesmo vento é inutil, quando abro os braços a ele, e ele nâo pode me levar.

Martinha Regueira Arabyan.
(Perdoem-me a estranha acentuaçâo gramatical, este teclado nâo é capaz de entender o que digo e como digo).

2 comentários:

Danilo Bandeira disse...

gostei desse texto :)

Bárbara Lemos disse...

Quem liga pra isso com tanto conteúdo?

Mande-me ares franceses, s'il vous paît!

Beijo meu.