sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Papai nao gosta de policia.

Sâo quinze para as seis da tarde em Limoges. Um fim de tarde que anuncia forte chuva com nebulosidade e vento, muito vento.
Os trovôes roncam como nenhum estômago titânico é capaz de roncar e a policia militar francesa toma conta de minha rua.

Os criadore de cordeiro estâo prestes a sair às ruas em protesto. Temos noticias superficiais e os motivos da rebelia nâo sabemos, nem pelo radio.

Enquanto escrevo a parca possibilidade de acentuar as palavras de minha lingua portuguesa me cnsomem. Porém, sei que logo estarei atenta a escrita local e este défict gramatical me serà recreditado, com juros.

A policia nâo se move, a nâo ser uns poucos passos para esticar as pernas. Acendem um cigarro, falam com os colegas.

Estou na janela de meu escritorio com a câmera ao lado.

Papai nâo gosta de policia e recomenda que eu nâo os fotografe. Jah fotografei alguns às escondidas e aguardo ansiosa pelos berros dos cordeiros.

Mas as ruas sâo ocupadas por estudantes, carros e idosos. Nada de grunido animal, a nâo ser o que a policia sussura de um para outro e de minha janela nâo posso ouvir suas confabulaçôes.

Desço, vou a um bistrô para melhor ver o movimento. Sou intimidada por olhares policiais que nunca me foram bem-vindos, principalmente os gulosos que desrespeitam sua farda, sua patria e sua CIDADÂS.

É uma educaçâo telepatica a que tenho meu pai. Ou por um tipo de osmose à distância que desde a puberdade, quando descobri as coisas boas e clandestinas da vida e aprendi a correr da policia, parece-me ter sido ensinada por meu pai ausente e que hoje, se faz presente inclusive nas horas clandestinas de Ser.

Estamos esperando, eu no computador, ele com o ouvido no radio, as novas deste protesto misterioso que eu acredito que nâo vai ocorrer, pela hora, pois jah é tarde, e pela chuva que principia. Mas estamos eu e ele na torcida em ver a performance patetica e tragicômica das forças armadas. Acreditem, soh mudam de endereço.