domingo, 20 de abril de 2008

As pedras portuguesas, parte II



As pedras portuguesas têm suas origens nas margens do rio Tejo. Esses seixos são em calcita branca e basalto negro, pelo contraste de cores pode-se montar mosaicos em calçadas. A pavimentação com linha estética agradável e de forma simples como o calçadão de Copacabana, famoso pela pavimentação em pedras portuguesas é motivo de inspiração para artistas, estilistas e marcam a personalidade do lugar. Nunca são feias as calçadas assim feitas, nunca estão fora de moda.

Mas há os que não preferem, como foi no caso do Rio de Janeiro em que vereadores aprovaram um projeto de lei que obriga a troca do antigo calçamento de pedras portuguesas por pisos antiderrapantes. A autora do projeto foi a vereadora Cristiane Brasil (PTB), a iniciativa pretende acabar com as pedras portuguesas que calçam boa parte do Rio de Janeiro, e que seriam responsáveis por grandes transtornos para a população em geral, especialmente os idosos. Mas o problema não está nas pedras em si, e sim, na falta de manutenção nos buracos que inevitavelmente se abrem pela ação do tempo e desgaste natural que sofrem os pisos de áreas urbanas.

"Estamos em pleno século XXI, mas nossas calçadas continuam as mesmas do início do século passado". Afirmou a vereadora Cristiane Brasil. Mas o que ela não se toca é que um projeto paisagístico, uma obra que comemora um século, deveria ser preservado como patrimônio histórico, e não destruído por falta de cuidado do poderio público, que vê na reforma um alívio nas despesas governamentais, pois se o novo material usado na troca das calçadas não precisar de tanta manutenção como estas do início do século passado, então, ao invés de reformar os casarios históricos ameaçados de desabamento que se espalham em Olinda, Recife, Salvador, Rio entre outras, implode tudo logo de uma vez e vende o terreno à construtoras, leiloa, levanta mais um prédio público e instaura mais um órgão vegetativo e sangue suga do nosso dinheiro público, do contribuinte. Na verdade não podemos especular sobre o caráter verdadeiro da intenção das trocas destas pedras, sejam as do Rio ou aqui em Recife, mas sabemos que custos com manutenção é obrigação do estado, e não sair reformando, trocando, derrubando, desmontando. Já dizia os Titãs: “Homem criava e também destruía”.

Outra coisa é que essas pedras são caras, em Portugal existem os mestres calceteiros, que são os que desenham os mosaicos com essas pedras. A preocupação é se elas irão parar na beira da piscina de algum secretário, se elas serão reaproveitada em algum outro espaço público, se serão leiloadas ou vendidas arbitrariamente. A orla de Boa Viagem perdeu o encanto. Estes tijolinhos são feios, apagados, sem personalidade, não trazem nada de novo nem vida à praia, para a Avenida. Este é o motivo desta discussão.

O cidadão não viu o projeto, os moradores da avenida não opinam, ninguém faz nada, e o governo mete a mão no nosso dinheiro, faz o que quer, como quer, e ninguém faz nada, ninguém diz nada. Fora que todo o mundo sabe que as obras são superfaturadas, que há desvio de dinheiro para contas particulares, mas fazer o que?

Só me resta este blogger pra desabafar. Infelizmente pra ser alguém na vida preciso concentrar minha energia para a viagem a estudos, não posso simplesmente me acorrentar nas máquinas e exigir satisfação. Mas se alguém se juntasse a mim para fazer uma cobertura, ir na câmara dos vereadores, ir na prefeitura, em algumas secretarias, teríamos uma resposta oficial a respeito de, pelo menos, esta resposta. Assim, não ficaríamos apenas fazendo falsas acusações, teríamos embasamento registrado em vídeo que nossas acusações são verdadeiras.

Beijo, beijo amore.

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