sexta-feira, 6 de junho de 2008

Elitismo por melhor qualidade de vida para todos? Sim!

"Você é elitista!" Sentenciou Raquel Rodrigues, professora de teoria da comunicação e coordenadora do curso de comunicação social da faculdade Mauricio de Nassau.

Sua afirmativa foi em sala de aula de forma a entender pejorativa. O debate era sobre as reproduções artísticas e a perda da aura, Escola de Frankfurt e a Indústria Cultural, etc, etc, etc...

"Você é elitista!" Sentenciou Samara Cipriano, amiga de mais de década.

Sua afirmativa foi na cozinha do meu apartamento, não tanto pejorativa mas num tom de esclarecimento. Do tipo, você pensa e diz isso porque é elitista. O debate durante o preparo do jantar era sobre o brega nas festas dos pseudos intelectuais, da "elite pensante" e promovedora da cultura do Recife (entende-se: jornalistas, estudantes, publicitários, artistas plásticos, do teatro, designers, estilistas, produtores, cineastas, etc...).

Elitista[De elitismo + -ista.] Adjetivo de dois gêneros. 1.Relativo ao elitismo, ou próprio dele. 2.Que é adepto do elitismo. Substantivo de dois gêneros. 3.Pessoa elitista. Elite[Do fr. élite.] Substantivo feminino. 1.O que há de melhor em uma sociedade ou num grupo; nata, flor, fina flor, escol. [Cf. flor (5).] 2.Sociol. Minoria prestigiada e dominante no grupo, constituída de indivíduos mais aptos e/ou mais poderosos.

Vou me ater ao significado que vai condizer com o que penso, repetindo abaixo: Elite[Do fr. élite.] Substantivo feminino. 1.O que há de melhor em uma sociedade ou num grupo.

Dá pra entender quando eu digo que as reproduções artísticas, as culturas superiores devem ser difundidas? Entendem quando digo que não compreendo porque Lala-K e Catharina Dee Jah colocam o que há de pior da produção brega atual em suas festas para tocar?

É demais para meu raciocínio entender que aqueles acima pagam para dançar e ouvir boas músicas e se despojam como analfabetos funcionais que por não terem outro tipo de escolha absorvem esse tipo de produção sem critérios ou oportunidades de escolhas melhores porque lhe furtam as parcas possibilidades intelectuais. E quando eu vejo pessoas esclarecidas neste tipo de despojo entro em conflito com o que conheço de valioso na cultura e dos que vivem a fabricá-la?

Não sou contra o brega, acho um ritmo engraçado, divertido e bom de se dançar. Porém, é preciso cuidado àqueles esclarecidos com a qualidade das letras e do resto que se consome.
Nas periferias a maioria não consegue se ligar para a escolha do que presta e do que não presta para ser consumido, mas nós sim!

Nós, que lemos jornais, estudamos, escrevemos, ensinamos, não podemos aceitar que tais variações de linguagem pornográficas entrem no cotidiano da nossa diversão quando temos condições de escolher o melhor, de poder pagar por melhores produções artísticas.

Não defendo certas letras pelos não ínsitos à nossa condição de humanos dignos de respeito pelo nosso corpo, pela nossa posição social que devemos às lutas feministas e que pomos a perder quando nos deleitamos com músicas que denigrem a mulher, o amor próprio, o pudor, a guarda do corpo, estimulam menores, crianças à promiscuidade insensata, feito um feminismo doente, uma "liberdade do corpo" caída sem paraquedas nos telhados dos barracos das casas das mais diversas favelas do país!!

Se alguém se opuser ao que digo e puder me dar uma explicação para este fenômeno, eu agradeço.

É só isso. Obrigado e passem bem.

5 comentários:

Anônimo disse...

Consumir conteúdo de má qualidade está virando moda. É chic ser, gostar ou pagar pelo brega, o que na minha opinião, é um apocalipse cultural, assolando a decadente cena Recifense, músicalmente falando.

Fábio Jardelino disse...

normal marta
eu tb.
também já fui taxado de tantas coisas.
entre elas de ser elitista;

ontem mesmo, nums discursão de bar, me taxaram disso, somente por eu não defender as cotas para entrada em vestibular (q eu axo um absurdo);.

é normal e agente (esclarecidos) temos q nos acostumar a rotulos.

ao menos, eu já me acostumei.


bjo

Bárbara Lemos disse...

É tudo uma questão de contexto, realidade em que se está inserido. Junto a gostos e desgostos.

Será que fui muito lacônica?
Talvez também seja elitista.


Beijo meu, linda.

Eliana disse...

Respeito a si própria é qualidade de vida!
O pior desse brega é que misturam crianças com o elogio à promiscuidade, que leva a nada menos que à agressão afetiva-sexual, causando danos irreparáveis à auto-imagem e ao auto-respeito.
Sempre existiu no Brasil uma boa dose de pseudo intelectuais que querem a custo "ser povo", absorvendo e estimulando a reprodução das faces da miséria ( intelectual e material) justificando: "a maioria do país é assim". São uns hipócritas, privilegiados, vindos da elite, que acham que discutem Nietzsche no dia seguinte do brega e se acham o máximo.

Rossana disse...

Oi Marta! Sou aluna da sua mãe lá no senac! Descobri teu blog por acaso!! Mas amei esse teu texto!! Me identifiquei demais com ele!! Havia um professor da minha mãe (que também é jornalista) que dizia que "gosto se discute por que mal gosto existe e tem que ser combatido" (= Hoje virou moda, é "in" é cult gostar de brega, forro de baixa qualidade (musical e baixa qualidade em termos de letra principalmente), pagodes xulos, funks com letras que denigrem a mulher e por aí vai... enfim... só passei pra dizer que gostei do texto!!

À Bientôt